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GRPESQ Estudos Culturais em Educação e Arte (IM/UFRRJ - IA/UERJ) ,
As pesquisas e atuações do grupo, no âmbito da formação de educadores, visam, com os estudos realizados e práticas coordenadas, a uma produção articulada ao campo instituinte dos Estudos Culturais. Trata-se de um trabalho dedicado ao desvelo do fazer educativo na sua complexidade e à criação de condutas pedagógicas emancipadoras e socialmente relevantes. O interesse das ações investigativas concentra-se no cotidiano escolar, na pedagogia da imagem, nas culturas juvenis, na educação de jovens e adultos, nas africanidades, na educação dos povos indígenas e nos desafios da educação brasileira na contemporaneidade. O grupo tem caráter interinstitucional, consistindo em uma relação entre o Instituto Multidisciplinar da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (IM/UFRRJ), o Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IART/UERJ) e o Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP).
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GRPESQ Estudos Culturais em Educação e Arte (IM/UFRRJ - IA/UERJ) ,
No dia 05 de novembro de 2009, o GRPESQ Estudos Culturais em Educação e Arte iniciou no CTUR (Colégio Técnico da Universidade Federal Rural situado em Seropédica – RJ) a pesquisa Pedagogia da Imagem: Raça, gênero e pertencimentos vistos com o cinema – Uma pesquisa para os jovens/com os jovens. Juno (dirigido por Jason Reitman e escrito pela iniciante Diablo Cody ) foi o filme a dar o start ao projeto. Vencedor do Oscar na categoria melhor roteiro original (2007), o filme conta os dramas vividos por Juno MacGuff, adolescente esperta que com seu modo peculiar de enxergar a vida, depara-se com uma gravidez inesperada. Após desistir do aborto Juno junto com seus pais inicia a busca pela família "perfeita" para criar seu bebê. O filme foi exibido para uma turma do 1º ano do Ensino Médio - público que auxiliou no segundo momento da pesquisa, concedendo uma “entrevista” acerca das questões presentes no filme.
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GRPESQ Estudos Culturais em Educação e Arte (IM/UFRRJ - IA/UERJ) ,
Por: Aristóteles de Paula Berino(Professor do Departamento de Educação e Sociedade do Instituto Multidisciplinar da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ).
"E assim vai-se dando, pelo flanar dos tempos, uma interminável criação de adereços no mundo, como se a vida fosse intrinsecamente uma obra de arte que não poderia, portanto, furtar-se à sedução do olhar do outro."
[Aldo Victorio Filho (2001: 62/63) ]
Toda escrita produz imagens. Mesmo sem conceber, o autor de um texto é, em um certo sentido, um artista primal. O que diz, de caráter memorável ou fugaz, é feito com apliques, em uma superfície transformada pela impressão que projeta. Aquele que escreve é assim um artista especulativo do efeito que poderá causar com as letras que desenha. Escreve e faz iluminuras, esperando que suas palavras provoquem uma vertigem, que uma cena apareça e uma ficção se realize. Gesto ancestral de produzir e deixar mensagens, gravando na matéria da natureza a natureza incompleta e desviante do ser, imagens que reclamam visibilidade para disposições insurgentes, desacomodadas que estão entre algum princípio de realidade e instintivas vontades. Coisas assim não se podem guardar, precisam ser levadas adiante, com a esperança de alcançar a solidariedade compreensiva de algum vidente, alguém que também ame as fantasias e percorra o descaminho.
Nas escolas, muito se escreve. Nos cadernos, no livro de exercícios ou nas provas, nossas alunas e nossos alunos são chamados a escrever e dizer o que pensam, o que imaginam e o que sonham. Esperamos encontrar um retrato do que aprenderam, do que a escola é para eles e até do que somos em suas vidas. Eventualmente, alguma coisa encorajadora para a professora e o professor é vista. E damos crédito ao nosso pedido de revelação. Mas a contrapelo das nossas ordens e expectativas, o copista escolar é também o artista que persegue a alteridade das imagens que produz. As folhas pautadas de um caderno, o papel ofício ou a folha tamanho A4 são mídias demasiadamente rarefeitas para manifestar uma lancinante imagem da existência e impróprias para narrar cosmovisões juvenis diante daqueles que estão inconscientes da linguagem pictórica da comunicação deflagrada pela escrita.
Vejam a foto com o menino que faz seus trabalhos escolares. O que mirei foi sua prodigiosa figura. Há, no seu rosto, uma misteriosa serenidade, que faz indagar sobre a inefável escrita dos seus sonhos enquanto cumpre o trabalho escolar. Mas é o invisível da cena original, o que não vi quando dirigi a máquina para aquele canto da sala, que se revela na fotografia. Aparece um platô, a superfície mais lisa para uma multidão de escribas e receptores conectados na prática: “Te amo”, dito no recôndito do espaço escolar, lugar onde proibimos manchar, mas colonizado pela irreprimível ação da comunicação. Transmissões que indagam a imagem pedagógica da posteridade que a escola promete e exaltam o cotidiano vivido. Enquanto Venâncio, professor do Ateneu, dizia para os seus alunos que o mestre (Pompéia, 2003: 11), “escolta-nos assíduo como um anjo da guarda, a sua lição prudente esclarece-nos a jornada inteira do futuro”, meninos e meninas advertem: “Não há tempo q volte... Vamos viver tudo que há para viver”. Assim como os muros parisienses de 1968 anunciavam que era impraticável empenhar a vida naquilo que ainda está por vir, meninas e meninos desconfiam do destino: “P/ os formandos: vivam, aproveitem, pois estes são os últimos dias felizes de suas vidas. Ass. Nazistão”.
REFERÊNCIAS
– POMPÉIA, Raul. O Ateneu. São Paulo: Nova Cultural, 2003.
– VICTORIO FILHO, Aldo. Poéticas visuais cotidianas. In: OLIVEIRA, Inês Barbosa; SGARBI, Paulo (orgs.). Fora da escola também se aprende. Rio de Janeiro: 2001. p. 51